sábado, 31 de julho de 2010

ESPELHO DE DAMA



Num espelho frio,
Eu vejo,
O tamanho do vazio.
A solidão,
Pediu-lhe um beijo,
Arrepio.

Na manhã quis um amigo,
Apenas um sonho.
Poesia versa um abrigo,
Um triste canto.

Vem me abraçar,
Seu peito queima em dor.
Eu quero te abraçar,
Te contar do meu amor.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

13 DE NOVEMBRO



Corro atrás do vento,
Meio tempo, sentimento,
Nascido em 13 de novembro,
Eu sou.
Flamengo é o meu time,
Entro em combates,
Disparo armadilhas,
Eu sou.
Um cara diferente,
Pinta de pierrot,
Indecente, em cenas e brincadeiras,
Na hora de sexo e amor,
Sem dó em dança de artista,
Eu sou.
Guardo unhas em potes enormes,
Como todos os doces,
Sou um cara pidão,
Eu sou.
E quem me diz que não?

domingo, 4 de julho de 2010

ANDAMENTO

Despertou em mais um dia como a quem desperta um mágico.
Fez careta pro espelho como num filme trágico.
Sentiu um peso na cabeça e se lembrou de sábado.
E a boca secou pedindo mais um trago.
Resmungou alguma coisa prá mulher do lado.
E saiu estupefato xingando o carro.
Pois esqueceu dormindo de farol ligado.
Prá pegar um baú arriado de tão lotado.
Tendo que ficar de lado prá não encostar o saco.
No traveco que o encarava suspirando alto.
Deu até vontade de fumar um maço de cigarros.
Mas prometeu largar até o aniversário.
Do caçula que chorava e chiava de tão asmático.
Quando se viu estava com um soluço engasgado.
No peito doído de pulmão furado.
O dia mal começou e já ficou cansado.
Se pudesse voltar já tinha a muito voltado.
Mas passou ignorando o olhar do encarregado.
Encarando-o triste e penalizado.
O Departamento tinha espalhado o resultado.
Deu positivo e o mal já era adiantado.
Que se acentuava com o fumo já dado como culpado.
De andar desanimado com o seu corpo magro.
Ficou calado com um olhar estático.
Feito uma mosca encarando a boca do sapo.
O médico contou qual era o caso.
Da gravidade da peça que o destino havia pregado.
Nada falou e nada falando foi embora largando o trabalho.
Nem ligou se o dia lhe fosse descontado.
Sentiu enfim que o seu dia então tinha chegado.
Achou por bem então aceitar o fato.
Fumando no meio da ponte com o senso parado.
Encostado no parapeito cheio de traçado.
Até ficar de pé parando o tráfego.
Dançando no parapeito cantando alto.
Teve quem chegou e quis puxar um papo.
Mas ele ficou firme e não se fez de rogado.
Pulou como a um Ícaro, mas solitário.
Sumiu no breu sem querer ser salvo.
No fim do outro dia foi encontrado.
Pálido, lanhado e muito inchado.
Reconhecido por quem dormiu ao seu lado.
Dividindo gemidos mordidos e risos baixos.
Contando causos de dias passados.
Com o seu amor calado de olhar estático.